Quarentena de alguns é liberdade para outros

Mar com ondas quebrando

A maré não está pra peixe se você é um ser humano, mas para outros viventes por aí é fato que esse período de quarentena tem sido de valor. Tudo indica que a bicharada está se sentindo bem à vontade no planetinha.

Na sexta-feira, dia 24, fui a Caraguatatuba, a trabalho. Cumpri algumas reuniões e depois fui ao cartório, ou tentei pelo menos. Dei com a cara na porta, pois ao chegar já passava das 13 horas, o novo horário de fechamento.

Sem outra opção, fotografei o cartaz colado no vidro, com as informações de emails e números de whatsapp para fazer contato na segunda-feira e, já que sobrou algum tempo inesperado, fui, com a amiga que me acompanhava, em busca de algo para comer.

Nestes momentos tudo parece meio surreal. Uma tarde linda de sexta-feira e a gente com dificuldade de encontrar um local para almoçar, em uma cidade turística. Enfim, conseguimos comprar umas marmitas de nhoque e panqueca (estava ótimo, por sinal; ou pode ter sido o tempero da fome).

E comer de marmita não foi nossa escolha. Era a única opção, informou o atendente no restaurante. A permissão para servir nas mesas só existe, no momento, até as 14 horas. Mesmo com distanciamento, máscara e muito álcool em gel. 

Felizes com nossas marmitas, nos sentamos no carro. De frente para o mar. Chique no “úrtimo”. Almoço concluído, decidimos esticar as pernas antes de encarar a estrada de volta. Uma caminhada curta na faixa de areia e aquela paradinha em frente ao mar, para observar o quebrar das ondas.

É aqui que o primeiro parágrafo volta a fazer sentido rs. Assim que nos aproximamos da água já vimos um pássaro bem grande - não me pergunte o nome - que mergulhou e lá desapareceu por um tempinho razoável, até que surgiu com o bico voltado pra cima, fazendo a ginástica necessária para engolir o peixinho que se recusava a virar almoço.

Não demorou para observarmos algumas gaivotas também se lançando em mergulhos vertiginosos, um pouco mais mar adentro. E havia muitas aves, bem mais do que costumamos ver no meio da tarde, quando a praia está lotada de banhistas.

O mergulhão - talvez fosse um - continuou, sem pressa, sua atividade de encher a barriga,  razoavelmente perto da areia. Em um mar bem azul, sem boias, macarrão de espuma, jet skis, banana boat ou humanos abusados para atrapalhar. E não ficamos mais que 10 minutos à beira-mar. Notei ainda que a areia também está muito, mas muito mais limpa.

Fiquei pensando nas restrições que enfrentamos. Elas têm significado liberdade para outros. Temos muito a aprender com outras espécies sobre como viver no planetinha usando “somente o necessário; o extraordinário é demais”. Como ensina a Mogli o sábio Balu.

E com um pouquinho de boa vontade você consegue encontrar o pássaro na foto lá em cima  rs. 

Mulher de cabelos curtos e cacheados, sorri
Maria D´Arc Hoyer é Jornalista e, como muita gente, tem pensado e repensado a relação com o ambiente durante a pandemia
 

Postar um comentário

0 Comentários