A amizade é estrada de mão dupla

Estrada de mão dupla, faz curva para a direita, com montanhas ao fundo e nuvens no topo.

Amizade é estrada de mão dupla, bote salva-vidas, cheiro de flor e brisa de mar. É presentes dos deuses, mas a responsabilidade de cuidar é sempre nossa. Não alimentou, morre. Por sorte, ela não é exigente e pequenas porções de alimento, desde que sinceras, a mantém viva por muito, muito tempo.

Pode ser um alô sem cobrança alguma, um cartão sincero pela rede social, um beijo jogado de longe, ou, quando a situação permite, um abraço de tirar o ar. Qualquer atitude que traga embutido um: conta comigo.

Quando encontramos um amigo pela primeira vez nunca sabemos se ele nos acompanhará pela vida toda ou por algum tempo apenas. E passar rápido em nossa história não faz com que tenha menor importância.

É preciso já ter caminhado algumas décadas pela estrada para ter a possibilidade de olhar para trás e verificar como foi a participação de cada um. É um aprendizado lindo. Com a convivência e o passar dos anos, a gente vai descobrindo o dom de cada um. E, se olharmos com cuidado, podemos até entender porque o amigo está em nossa vida.

Pode ser para nos dar suporte, mas também para nos dar a oportunidade de levar alento ou compartilhar nossa experiência com alguém e nos tornarmos melhor no processo.


A troca é permanente

Letras em madeira foram a palavra friends, com fundo de calçada e plantas

Você ensina um amigo a fazer pão com recheio de creme de atum, outro te cobra quando é que você vai, enfim, aprender a nadar. Há os que se dão ao trabalho de revisar seu texto com generosidade.

Há os que ligam durante a madrugada pra pedir conselho sobre relacionamento amoroso (como se alguém tivesse a resposta) e 
há os que te levam pro hospital em crise de labirintite. Outros é você que vai buscar quando eles recebem alta. 

Outro diz que precisa muito comer um bolo de chocolate, com muito chocolate e você faz. Lá na frente, é você que ganha o bolo surpresa de aniversário, após uma manhã de trabalho duro, ao sol, no plantão do Dia do Trabalho ou um feriado qualquer.

Há os que fazem café especialmente pra te receber e renovam sua energia pela cafeína e pelo gesto. 

Sim, há também os festeiros. E a gente não pensa muito neles quando a coisa complica, mas eles vêm logo à mente quando é preciso animar uma festa, um encontro. E nada pior que festa desanimada.

Não podemos esquecer dos amigos nos grupos de redes sociais. Uns são resgate do passado, da faculdade, grupo de jovens na igreja, até do ensino fundamental (no meu caso é a turma do ‘primário’ mesmo, rs). Esses, das antigas, te contam histórias sobre você mesmo, que já se haviam perdido na bruma da memória. 

Alguns a gente conhece só na internet e nem sabe se vai vê-los pessoalmente um dia, mas um link vai se formando e, quando menos percebe, você tem um amigão ou amigona lá do outro lado do país ou do mundo. Importa é saber que eles estão lá pra você e que você está aqui pra eles.

Têm aqueles em que você confia e os que acreditam em você até mais do que você mesmo. E até por isso, não passam a mão na cabeça. Precisou, eles mandam logo a real. Te alertam do perigo, abrem teus olhos e se, ainda assim, você escorregar, eles te apoiam e ajudam a curar as feridas.

Não podemos esquecer dos que partem mais cedo e nos deixam a missão sagrada de mantê-los vivos na lembrança e no coração.

Amigos nunca são demais, mas também não é a quantidade que importa. Vale mesmo é a força do laço com aqueles que escolhemos caminhar, sem esquecer, jamais, que a estrada é de mão dupla. Dirija com atenção. 

Feliz Dia do Amigo!
Retrato de mulher, de cabelos curtos e cacheados e usando óculos.
Maria D´Arc Hoyer é jornalista e crê que os amigos são o tempero secreto da vida. 

Postar um comentário

1 Comentários