Acordamos para a beleza do pôr do sol

Pôr do sol em tons de violeta e rosa, em cena urbana com ponte estaiada

Nunca se viu tanto pôr de sol em fotografia e vídeos. A bolota alaranjada começa a descer no horizonte e todas as lentes se viram para o poente. E é cada imagem deslumbrante para apreciar que dá gosto.

Eu já registrei e muito possivelmente você também. Eu até parei de fazer, fico aguardando as fotos dos amigos no Instagram e no Facebook e elas nunca falham; alavancando a #pordosolhj.

Penso que eles aumentaram por conta da quarentena. Os registros das imagens, quero dizer, rs. Ganhamos mais tempo para contemplação. Aqui em São José dos Campos, São Paulo, onde moro, eles aparecem na time line com performance para todos os gostos.

Emoldurados com montanhas, com estrada, recortados pelas redes de proteção das janelas dos apartamentos, prédios, árvores e também com a novíssima ponte estaiada. Com essa última, as fotos foram febre por semanas e agora até que deram uma folga. Não estou reclamando não; até gostava. 

E tem como desgostar dessa beleza capturada pelas lentes do fotojornalista Mário Lúcio Sapucahy, que ilustra o início dessa crônica? 

Imagem do por sol em meio a nuvens carregadas

Sem dúvida estamos mais atentos a essa beleza que costumava ocorrer sem uma grande plateia, dia após dia. Enquanto o pôr do sol cumpria sua missão, seguíamos com a vida trancados em nossos afazeres.

O que teria nos despertado para tanta beleza? O medo de não vê-la mais, talvez. Por termos sido colocados de frente para a efemeridade da vida e confrontados, em nosso recolhimento obrigatório, com a questão mais básica da existência: ela acaba. É breve e passageira. Finita.
 
Pôr do sol, entre montanhas, com casas e árvores à frente.

O pôr do sol tem toda essa beleza, uma festa de cores e tal, no entanto, parece carregar um quê de melancolia. De fim de baile, fim de namoro, de férias. Sol atrás da montanha, longe da nossa vista, noite. Fim.

Mas, como a Terra é redonda - juro pra você -, todo poente é a aurora de um novo dia, em algum lugar. Então vamos 'amanhecer' com coragem quando chegar a hora. Recomeçar é possível, necessário e maravilhoso.


Mulher de cabelos cacheados e óculos
Maria D´Arc Hoyer é jornalista

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