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| Abelha na flor de nêspera/Foto: Maria D'Arc |
Fim de ano se aproximando e a gente começa a pensar no que fez e deixou de fazer das coisas que são apenas nossas. Desejos e projetos que adiamos sem criar de fato um prazo para realizar.
Venho adiando faz tempo a vontade de fazer um curso de macrofotografia. Quem segue minhas redes sociais, já deve ter notado que estou sempre ensaiando uns cliques com o telefone celular mesmo.
Esses pequenos universos, desfilando diante dos nossos olhos, porém camuflados por nossa própria desatenção, me encantam. Os minúsculos insetos têm carinhas lindas, divertidas e também assustadoras. Eu sigo diversas contas de redes sociais de fotógrafos que se dedicam a esses registros.
Perco (ou ganho) vários minutos observando as nuances da expressão de uma libélula, por exemplo. Experimente, rs. É terapêutico.
Enquanto a decisão de iniciar o curso de macrofotografia não vem, eu ocupo todas as horas dos dias, das semanas e meses com as tais obrigações da vida. É a roupa para lavar, a geladeira para abastecer, o texto para entregar, o cliente para responder, o curso de excel online; porque, afinal, o que seria de uma vida produtiva sem planilhas para organizar.
Tenho uma amiga, virginiana, que tem grande apreço pelas planilhas. Pra mim não funcionam muito. Sigo mais a linha: ‘vai funcionar porque sou teimosa’.
Mas acabo aplicando essa teimosia toda para resolver burocracias, manter em ordem as consultas médicas da família e as vacinas do cachorro em dia. Mas e eu? Ah, eu posso esperar. Depois eu realizo, depois eu faço, depois eu vivo.
E sim, eu tenho sonhos - graças a Deus - só reconheço que tenho negligenciado a existência deles. Arrisco dizer, com certeza, que não sou a única nessa barca furada de ver os dias escorrendo rápido sob o comando inclemente do que chamamos de rotina.
Enquanto isso, os sonhos definham escondidos debaixo da almofada do sofá enquanto se maratona uma série ou trancafiados em uma gaveta na forma de panfletos de viagem ou rascunhos de escritos inacabados.
Arrumamos recursos para pagar as contas mais esdrúxulas que o sistema inventa na forma de impostos que, juram os governantes, voltam pra gente em forma de serviços. Mas sempre pensamos duas vezes antes de comprar um sapato novo ou embarcar em uma viagem ou no meu caso, supremo egoísmo, fazer um curso por puro prazer.
Além disso, resistimos a investir nesses sonhos, o recurso mais precioso e caro de todos: nosso tempo. E tempo não é dinheiro, é vida. O único recurso totalmente irrecuperável.
Veja lá, não estou aconselhando ninguém a chutar o balde e estourar o limite do cartão de crédito. É apenas um conselho que estou me dando e pode servir para você: que tal, colocar alguns dos seus desejos pessoais no planejamento do próximo mês?
Sim, nada de esperar o ano que vem, falta só um mês, mas já disse um ator maravilhoso em um filme que vale ser visto de novo, “em um minuto, se vive uma vida”. Se não souber de qual filme estou falando clica aqui e confira essa obra prima com Al Pacino: Perfume de Mulher.
E você, que leu até aqui? Quanta atenção e respeito tem dedicado aos seus sonhos, planos e desejos? Não faça planos para o ano que vem. A vida é hoje. Bora!
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| Maria D'Arc é jornalista |


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