E ela estava linda, à sombra

Flor vermelha e viçosa à sombra de uma velha cerca

Recebi essa foto da minha amiga Cássia Müller, há alguns dias. Veio com esse título (e ela estava linda, à sombra), que, para mim, certamente traduz a emoção que sentiu ao avistar a flor, tão viçosa, apoiada na cerca. Junto da foto, 'colhida' em algum recanto da Suíça, veio um recadinho também: D´Arc, veja se essa foto enriquece nosso blog.
 
Corre daqui e dali, outras postagens passaram à frente. Volta e meia eu olhava a foto, mas não queria postar apenas com um clique avulso. Queria dar um espaço mais nobre a essa flor, talvez também a companhia de um texto nobre. Fiquei à espera. 
 
E o momento chegou quando eu li essa poesia de Cora Coralina. Maestrina das palavras na construção de poesias atemporais. A flor de Cássia e a poesia de Cora me trazem beleza e esperança. E estamos "precisados" de delicadezas. 

Ofertas de Aninha
(Aos moços)

Eu sou aquela mulher
a quem o tempo
muito ensinou.
Ensinou a amar a vida.
Não desistir da luta.
Recomeçar na derrota.
Renunciar a palavras e pensamentos negativos.
Acreditar nos valores humanos.
Ser otimista.

Creio numa força imanente
que vai ligando a família humana
numa corrente luminosa
de fraternidade universal.
Creio na solidariedade humana.
Creio na superação dos erros
e angústias do presente.

Acredito nos moços.
Exalto sua confiança,
generosidade e idealismo.
Creio nos milagres da ciência
e na descoberta de uma profilaxia
futura dos erros e violências do presente.

Aprendi que mais vale lutar
Do que recolher dinheiro fácil.
Antes acreditar do que duvidar.

Cora Coralina

“Vintém de cobre: meias confissões de Aninha”. 6ª ed., São Paulo: Global Editora, 1997, p.145.

Foto: Cássia Müller

Postar um comentário

0 Comentários