Uma aventura no Canadá limitada pela pandemia

Moça em escritório, com quadro de jaguar ao fundo
Fernanda Akemi, no trabalho: manter o bom humor é essencial

Ficar trancada em casa não era parte do plano de Fernanda Akemi Shimada quando ela escolheu a cidade de Toronto, no Canadá, para estudar inglês. Além das malas com muitos agasalhos, para enfrentar o frio de até 25 graus negativos, ela levou muitos sonhos e projetos pessoais de ampliar horizontes. No entanto, com as ações limitadas pela pandemia, tudo entrou em compasso de espera. 

Quando deixou São Bernardo do Campo, São Paulo, em agosto de 2019, o intercâmbio na maior cidade do Canadá, principal polo comercial, industrial e financeiro do país, era promessa de uma vida rica em passeios, viagens e enriquecimento social e cultural.

Mas no começo de 2020, a pandemia chegou mudando planos e exigindo de Fernanda força de vontade e cabeça muito boa para continuar longe de casa, em isolamento social.

Em maio de 2020, conversamos com ela e, na ocasião, as coisas que mais a incomodavam era não sair com os amigos e não poder ir a um restaurante, sentar e aproveitar uma refeição.

Após mais de um ano enfrentando situações de isolamento, longe da família, assistindo aulas pela internet e seguindo rigorosos protocolos de segurança no trabalho e nos deslocamentos pela cidade, Fernanda tem se revelado uma pessoa resiliente e corajosa.

“Em 2020 ficamos em quarentena desde final de Março até Junho, num total de 3 meses. Depois, no final de outubro de 2020 foi declarado outro lockdown que está durando até hoje; são quase 6 meses! O governo vai prolongando e muda os termos entre lockdown/shutdown/stay-at-home order, mas pra falar a verdade, poucas pessoas sabem a diferença entre os termos.”

Segundo ela, mudam os nomes mas as regras têm pouca diferença, pois a população só tem acesso aos serviços essenciais e são aplicadas multas para quem realizar reuniões em casa ou caso seja parado na rua e não estiver em busca de um serviço essencial como a compra de alimentos ou remédios.

Seguir as restrições no Canadá não é opcional.

Visitar o Brasil está no topo da lista de desejos

Fernanda ainda sente falta de estar com os amigos e comer fora, mas sua maior expectativa agora é o avanço dos programas de imunização para que possa viajar ao Brasil e visitar a família e os amigos que conhece desde a infância.

Ela diz que todos os amigos são importantes, mas passando tanto tempo sozinha, sente falta de conviver com amigos que conhecem sua história, com quem compartilha lembranças de uma vida inteira.

“Estar perto de quem você ama é essencial agora, pois temos que cuidar um do outro.”

Além de matar a saudade da família, Fernanda quer colocar em dia a lista de passeios turísticos que estava em seu planos quando deixou o Brasil. “Desde que cheguei no Canadá tive a chance de visitar poucos lugares turísticos, pois tudo fechou de um ano pra cá.”

Buscando o lado positivo da situação, ela diz que pelo menos a pandemia ajuda a economizar. Sem poder sair no dia a dia, tem feito economia para usar nos futuros passeios e viagens.

Vacina para os mais jovens = liberdade à vista

Montagem de fotos com moça em trabalho de escritório e mão segurando mason jar com margarita
Foto: Arquivo pessoal

Aos 24 anos de idade, ela já tem o direito de tomar a vacina, por ser estudante e trabalhar fora de casa. Fernanda será imunizada com a vacina da Pfizer - BioNtech. Rindo, ela explica que no seu círculo de amigos parece que todos estão esperando pra ver quem vai tomar a vacina primeiro.

Ela confessa que tem um pouco de receio. Apesar disso, garante que vai tomar a vacina, porque o desejo de ver todos imunizados para que ela possa viajar e rever a família é maior do que o temor - infundado, convenhamos, rs - de tomar a vacina.

“Meu colégio até organizou uma palestra para conscientizar as pessoas sobre a importância da vacina, achei muito legal”.

Voltar a ver o mundo com mais leveza também é motivo forte para Fernanda encarar a agulha, pois sente que as pessoas à sua volta mudaram.

“Vejo muitos amigos tristes e desmotivados por perderem pessoas queridas, ou que perderam o emprego ou pelo simples fato de não poderem fazer aquilo de que gostam. A falta de certeza do que vai acontecer semana que vem, ou ano que vem deixa as pessoas sem esperança às vezes.”

Com vacina já disponível, mesmo para os mais jovens, a primavera no auge, o mundo canadense descongelando, dá pra acreditar que dias mais calorosos estão à vista. Que as margaritas que, por enquanto, são vendidas apenas ‘para viagem’, possam enfim ser degustadas no bar, desfrutando também da companhia dos amigos.

Fernanda só não tem dúvidas quanto ao novo modo de enxergar a vida que a pandemia lhe trouxe.

“Eu percebi que nossas vidas podem mudar completamente de um dia para o outro. Agora eu tento aproveitar o momento ao máximo, e nunca deixar as coisas “pra depois” pois nunca sabemos o dia de amanhã. Também percebi o quão importante é gostarmos da nossa própria companhia!”

Alguém pode discordar disso?

Mulher de cabelos grisalhos usando óculos de armação vermelha 
Maria D´Arc Hoyer é jornalista


Foto de abertura: Arquivo Pessoal/Fernanda A. Shimada

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