Manjericão, horta em casa e outras divagações

 

Foto: M.D´Arc - Manjericão: fonte de sabor e saúde 

Plantar os próprios alimentos é um sonho acalentado por muitas pessoas que se preocupam em consumir produtos naturais, sem venenos e, melhor, mais baratos. Comprar orgânicos é um luxo fora do orçamento da maioria das pessoas. Mesmo que se fale muito sobre a ideia de ter uma horta dentro da cozinha do apartamento, na varanda, no quintal apertado entre muros, isso não é lá muito fácil.

Plantar exige dedicação, disciplina para cuidar e curiosidade de aprender sobre as plantas escolhidas. Elas têm personalidades próprias. Umas gostam de muito sol, outras preferem meia sombra. Há as que gostam de água em abundância e àquelas que preferem o solo mais drenado e por aí vai.

Digo isso do ponto de vista de quem sabe pouco do assunto, assim como você que pode estar lendo isso agora. Mas eu curto tentar descobrir. E, mesmo sem conseguir baixar a despesa da feira e do sacolão, gosto de ter algumas plantas pra conversar no fim de tarde, enquanto forneço água para elas. E é um grande prazer colher folhinhas frescas para um chá ou para temperar o molho de macarrão.

Caso você viva a mesma jornada de erros e acertos com as plantas, ‘tamu junto’, rs. E vou contar um pouco a seguir sobre a minha erva preferida: o manjericão. Só não conte nada às outras ervas, porque elas são minhas amigas também rs.

Origens

O nome científico dessa delícia é Ocimum basilicum. Não se sabe exatamente quando o manjericão passou a ser conhecido e consumido na alimentação. Há registros de que 2.000 aC ele já era cultivado na Ásia. A introdução no Brasil teria sido feita pelos italianos, quando os primeiros imigrantes chegaram, em 1870. Com certeza porque não podiam viver sem molho pesto. Difícil é imaginar nosso Brasil tropical sem manjericão. Mas parece que já foi assim um dia.

Superstições

É uma planta envolta em superstições e lendas. Para começar, ele carrega o nome de um monstro místico, o Basilisco, uma mistura de dragão, com cobra e galinha, que teria, entre outras coisas terríveis, o olhar venenoso e mortal. Sabe aquela coisa de olhar invejoso de ‘seca pimenteira’? É por aí. O nosso maravilhoso manjericão carrega o nome porque suas folhas seriam um antídoto poderoso contra o olhar do monstro.

Mas tem muito mais história com essa planta. Era usada em processos de mumificação pelos egípcios. Na idade média era tida como símbolo de ódio, em Roma. A mesma Itália, o consagrou depois como símbolo do amor, pois as moças enfeitavam os cabelos com ramos de manjericão para indicar que desejam casar.

Eu aposto mais nessa onda. Quem pode resistir ao aroma de manjericão sem se apaixonar?

Cultivo

Entre erros e acertos eu comprovei que o manjericão adora sol. O solo precisa ser de fácil drenagem, mas ele gosta de ser regado com alguma frequência. Com o tempo muito seco, por exemplo, pode precisar de um pouco de água todos os dias. Mas nunca deve ficar encharcado. Cresce relativamente rápido. Forma um arbusto de uns 80 centímetros de altura. 

Mas pode ser cultivado em um vaso sim, em qualquer cantinho com várias horas de sol. Húmus de minhoca é um bom adubo para ser aplicado a cada 40 ou 50 dias. Retirando as flores que aparecem nas pontas dos galhos é possível retardar o envelhecimento da planta, que se renova com mais folhas. Eu já tive arbustos bem floridos. A flor é miúda e delicada, em pendões e as abelhas adoram.

Delicada, a flor do manjericão é apreciada pelas abelhas

Ao colher, retire as folhas próximo da hora de utilizar. Elas murcham rápido e escurecem quando muito manipuladas. Com todos esses cuidados, o manjericão deve durar cerca de um ano. Mas, para não ficar sem tempero, é bom fazer novas mudas de vez em quando. Dá para fazer a muda retirando um galho mais próximo ao tronco.

No Brasil, existem pouco mais de 10 variedades, mas no mundo todo esse número passa de 60.

Manjericão na cozinha

Ele combina com quase tudo que a gente cozinha. Vai bem com ovos, carnes brancas, pizzas, é imbatível nos molhos como complemento ou como ingrediente principal, como no molho pesto. Com um pouco de ousadia, ele pode ser transformado em geleia, sorvete e o que mais sua imaginação criar. 

Manjericão na saúde

É rico em vitaminas A, C, B1, B2, B3 e também em ferro, cálcio e fósforo. Características de conferem ao manjericão qualidades antioxidantes e anti-inflamatórias. Além do consumo na culinária, ele pode ser utilizado na forma de chá. Estudos indicam que ele pode ajudar no tratamento de resfriados, no reforço ao sistema imunológico e contra o estresse. Mas tem muito mais; impossível esgotar tantos benefícios em um texto. Nunca é demais lembrar que mesmo para consumir um chá de erva é importante ter orientação médica.

E então, está animado em começar a descobrir o mundo verde começando pelo manjericão? Aqui você encontra um texto sobre a experiência de alegria que o cultivo de manjericão pode trazer.  Compartilha com a gente também suas dúvidas, experiências e sucessos.

Maria D´Arc é jornalista e jardineira de horas vagas