Photo by Lina Trochez on Unsplash
Meu amigo Rai, com duas mensagens no grupo de amigos jornalistas de que fazemos parte, colocou a engrenagem da minha mente para funcionar. E quando nasce uma ideia, ela fica batendo asas no cérebro, como pássaro engaiolado há pouco tempo, porque necessita voar. No meu caso, escrever.Rai comentou, com a percepção que lhe é característica, sobre duas notícias. Na primeira citou o “safári humano”. Caso em que o Ministério Público de Milão, na Itália, analisa a denúncia feita através de um dossiê montado pelo jornalista e escritor Ezio Gavazzeni.
O dossiê aponta que, entre 1993 e 1995, grupos de pessoas - como se fossem simples turistas - partiam de uma cidade italiana em direção à Bósnia, durante o cerco de Sarajevo, com o propósito macabro de atirar em pessoas.
Pela denúncia, tratavam-se de pessoas de nacionalidades diversas, acima de qualquer suspeita, que pagavam fortunas para alvejar homens, mulheres e crianças, que, em meio a guerra, se arriscavam fora de suas casas em busca de alguma ajuda ou alimento.
A história é tão doentia que é impossível não levar a gente a desacreditar do ser humano. E eu sou daquele tipo de pessoa que, não raro, perde o sono pensando em absurdos assim.
Equilíbrio
Mas meu amigo Rai não decepciona. Sua mente parece estar sempre ligada em 220v; então, a seguir, talvez vislumbrando o impacto da primeira notícia que comentou, logo emendou outra.
Na quinta-feira, 12 de novembro, um incêndio atingiu um hospital em Fortaleza, o Hospital Geral Dr. César Cals. O foco de incêndio estava justamente perto dos setores de cuidados intensivos para recém-nascidos. As equipes priorizaram a retirada dos bebês que estavam e respiradores nas incubadoras.
Logo, redes sociais e programas de televisão mostravam a correria dos profissionais para socorrer os pequeninos recém-chegados ao mundo.
Moradores e comerciantes do entorno do hospital se juntaram aos médicos e enfermeiros para carregar os equipamentos pesados e formar um cordão humano que garantisse a passagem.
Um shopping popular, o Beco da Poeira, ao lado da maternidade, foi a saída. Nas lojas de bijuterias e celulares balcões foram arrastados abrindo espaço para acomodar as incubadoras e ligá-las na energia.
Os bombeiros chegaram, o fogo foi controlado e 117 bebês e mais de 150 mães e gestantes foram transferidos em segurança para outros hospitais.
Durante os resgates, pessoas que não conseguiram fazer algo prático, se juntaram em um círculo para rezar o “Pai Nosso”, ou seja, a solidariedade abriu os braços em todas as frentes. É muito bom ver isso tudo e lembrar que também são humanos em ação.
E pensar que cada pequena atitude em prol do bem, do amor e da capacidade de se doar ao próximo é uma semente de força e esperança para combater o mal.
Esse mal das atitudes medonhas, desempenhadas por monstros em pele de gente. É preciso plantar, sem parar, ações de humanidade que resgatem a fé.
Fique atento em busca das oportunidades de fazer a diferença. Elas estão por aí e não apenas nos grandes eventos adversos. Todo bem feito em seu entorno, na sua comunidade, igreja ou trabalho, conta.
Uma doação para um bazar beneficente; levar uma refeição para um vizinho idoso e oferecer a ele dois dedos de prosa; fazer aquele bolo delicioso para crianças carentes; doar seu tempo para montar cestas básicas ou apenas contribuir para uma campanha do quilo que muitas igrejas promovem.
Podem parecer gestos pequenos demais, mas não são. E claro que uma vida salva hoje, não repõe aquela ceifada pela perversidade décadas atrás. Mas acredito de verdade que toda boa ação pesa na balança do equilíbrio do universo. E essa luta do bem contra o mal é permanente. Não se distraia. Obrigada, Rai.
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| Maria D'Arc é jornalista |


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