Flor de maio, vó e boneca de pano

 Vaso de plantas com flor-de-maio e alecrim

A minha flor de maio está florindo. Coisa mais linda.

Eu sempre tive um carinho especial por essa flor porque ela lembra muito a minha avó materna, a Dona Alba, que todo mundo conhecia por Dona Bina.

Quando, lá trás, bem lá atrás, fui me despedir dela e dizer que iria morar em outra cidade e sozinha, ela – sempre me surpreendendo – pegou um vaso com flores de maio, alguns panos de prato, alguns talheres e me deu, para ajudar a montar a minha casa.

Naquela época, 1980, não era legal uma mocinha sair de casa para morar em outra cidade, sozinha e ainda para trabalhar (estudar até ia...). O ideal era depois de formada, sair de casa para a casa do marido escolhido.

Mas eu escolhi outro caminho. E fiz o contrário do que muitos fazem. Morando na cidade grande de São Paulo, resolvi tentar a vida numa cidade do interior: São José dos Campos. Meu primeiro emprego na área de jornalismo, mas o meu terceiro ou quarto emprego na vida, apesar dos meus 21 anos de idade.

Flor-de-maio recortada com fundo brancoUma chave em troca de confiança

Me lembro que as famílias por parte de pai e mãe ficaram alvoroçadas com o comunicado. Ambas descendentes de italianos e muito simples, não aceitaram nada bem a ideia de eu sair de casa para morar sozinha. Diziam pelos cantos da boca que eu ia me perder na vida, sabe-se lá o que isso significava na cabecinha deles.

Meus pais também ficaram muito afetados e custou para entenderem que era isso o que eu queria. Meu pai ficou muito desapontado. Dava para ver em seu rosto que ele nunca havia sequer pensando numa situação daquele tipo. Só sossegou quando entreguei uma cópia da chave onde iria morar. Ele sentiu ali, que podia confiar em mim.

E aí vem a minha avó, bem mais velha que todos, dando um show de amor e entendimento da vida. Ela sequer me questionou, fez caras e bocas, me olhou de canto, me julgou, falou de mim pelas costas...nada disso. Ela olhou pra mim enquanto eu contava a novidade e do nada se levantou e veio com a flor de maio dizendo que era para eu colocar na minha nova casa.

Esses dias me peguei pensando nela enquanto regava a minha flor de maio. Que figura, meu Deus! Eu cresci no mesmo quintal que ela, então vivia grudada, ajudando a fazer as coisas. Foi com ela que eu devo ter adquirido essa minha mania por limpeza e organização, porque a casa dela era sempre limpinha e organizadíssima.

Ela era uma pessoa muito querida por todos, tinha uma mão excelente para a cozinha (e isso ela não conseguiu me passar – odeio cozinhar) e tinha uma cabeça muito além do seu tempo.

Flor-de-maio recortada com fundo brancoDona Alba: sem julgamentos e de bem com a vida

Me lembro que bem mais tarde, quando as pessoas começaram a me cobrar os namorados, os noivos os maridos ela simplesmente me disse: junta com alguém, não se meta em casamento. Minha mãe ouviu ela me falando isso e ficou muito nervosa, brigou com ela, dizendo que aquilo não era conselho para se dar a uma neta.

Minha avó simplesmente concluiu a conversa dizendo: eu não posso pedir para ela casar se eu mesma fugi para me casar com o seu pai – no caso, o meu avô. Nossa, a minha mãe quase desmaiou, coitada, porque até então aquilo era um grande segredo na família.

Ela sempre foi assim. Sempre. De bem com a vida. Sem julgamentos, questionamentos. Parecia que ela acordava para viver aquele dia, o que passou, passou e o que tinha que vir, viria de qualquer jeito, então ela vivia o hoje.

Flor-de-maio recortada com fundo brancoSe perder na vida pode ser bom 

Nós sempre nos demos muito bem e eu me lembro que fui eu a dar a sua primeira boneca na vida. Em nossas inúmeras conversas, descobri que ela nunca tinha ganhado uma boneca em toda a sua vida.

Prometi para mim mesma que no próximo salário eu iria comprar essa boneca e assim o fiz. Ela queria uma boneca com corpo mole e cabeça de borracha, logo deduzi que a boneca dos sonhos da minha avó tinha o corpo de pano.

Naquela época custei a achar, mas achei e quando entreguei me lembro até hoje de como o seu rosto todo sorriu, se iluminou diante daquele presente. Senti uma imensa paz.

Então, há muitos anos na minha casa tem duas coisas que eu não fico sem: flor de maio e boneca com corpo de pano. Acho que faço isso como se fosse uma homenagem pra ela, que sempre, sempre, acreditou em mim e tinha certeza de que eu ia sim acabar me perdendo na vida, mas do melhor jeito possível: vivendo.

Mulher loura, com cabelos tamanho médio e lisos, sorrindo
Edna Petri é jornalista

Foto de vaso com flor-de-maio/arquivo pessoal/Edna Petri


Como cuidar de sua  flor-de-maio: planta da família dos cactos e suculentas. É pouco exigente, mas não curte excesso de água. Só é necessário regar quando a terra está seca, (duas ou três vezes por semana).  Uma boa dica é trocar sua flor-de-maio de vaso a cada três anos, mais ou menos, e renovar o substrato. Faça a troca na primavera para ter flores linda no início do inverno. É decorativa mesmo quando não está florida. A explosão de cores que proporciona em maio, compensa a espera. A florada dura cerca de 20 dias. Sua plantinha ficará feliz se ganhar um pouco de adubo após o fim das flores para renovar a energia. Pode ser adubo orgânico ou o químico, NPK 04-14-08. 

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